Chegada a Portugal
Permanência em Portugal
Partida de Portugal
Fim do exílio
Filho de uma família de abastados judeus ortodoxos, Lion Feuchtwanger licenciara-se em Filologia Germânica, História e Filosofia, antes de enveredar pelo jornalismo cultural e de se destacar primeiro como dramaturgo e depois como autor de romances históricos (muitos deles com o antissemitismo por tema), tornando-se um dos mais reconhecidos nomes da literatura da República de Weimar. A publicação do romance de época Erfolg [Êxito] (1930), caricatura da Baviera no tempo da ascensão ao poder do nacional-socialismo, do próprio Hitler e de alguns dos seus correligionários, dita a inscrição de LF pelos nazis na lista dos artistas a sentenciar. Acresce ainda a simpatia que nutre pela União Soviética, desiludido que estava com a passividade das democracias ocidentais face a Hitler (Visita à UdRSS, seguida da publicação do romance encomiástico Moskau 1933).
Aquando da chegada de Hitler ao poder, LF encontra-se em tournée pelos EUA, de onde regressa para, depois de uma breve passagem pela Áustria, se refugiar no Sul de França, em Sanary-sur-Mer, com a mulher Marta, onde reúne à sua volta um círculo de exilados políticos, entre os quais se destacam Bertolt Brecht (com quem funda a revista de exílio Das Wort [A Palavra] (Moscovo, 1936 – 1939), e também Döblin, Einstein, os irmãos Mann, Marcuse, Schönberg, o casal Werfel, etc., como descreve no seu romance Exil (1939).
A invasão de França pelas tropas de Hitler dita o internamento de LF no campo de Les Milles, onde havia já estado no ano anterior durante algumas semanas, e de onde vem a ser transferido para outro campo perto de Nîmes. A sua libertação e fuga rocambolescas são contadas por Marta Feuchtwanger no posfácio do livro de LF Der Teufel in Frankreich (vd. “Marta Feuchtwanger” nesta Base de Dados) e a ela e à sua interferência junto do consulado norte-americano em Marselha se fica a dever o êxito da fuga do marido (Rapto de LF durante o banho no rio perto do campo de internamento; fuga mascarado de mulher no carro do vice-cônsul americano; o recolhimento no consulado dos EUA; o medo de Varian Fry, do Emergency Rescue Committee, de que a presença de LF chamasse a atenção para o grupo de fugitivos Mann /Werfel; a fuga do casal F. pelo mesmo caminho que o grupo dos Mann trilhara, acompanhados pelo Reverendo Waitstill Sharp, da Igreja Unitária de Boston, e sua mulher Martha; a viagem na carruagem-cama de Madrid até Lisboa, acompanhado pela figura protetora de Sharp e uma maleta da Cruz Vermelha como disfarce, a chegada à fronteira de Vilar Formoso e a viagem até Lisboa, onde o representante do Apoio Americano aos Exilados insiste para que LF parta sem demora para EUA, já que há o risco de que seja raptado pelos nazis). Escoltado por Sharp, LF parte no primeiro barco que larga para Nova York.
Marta juntar-se-á pouco depois ao marido em Nova York, de onde partem meses depois, para Los Angeles. Dois anos depois, o casal instala- -se na Vila Aurora, em Pacific Palisades. Muito embora a crítica considere que o exílio marca uma inflexão das obras de LF no sentido da trivialidade, o autor continua no tempo de emigração nos EUA a gozar de grande popularidade e prestígio, o que lhe permite manter um elevado nível de vida e ajudar numerosos refugiados. LF, que apenas regressará à Europa para breves visitas, nunca consegue obter a nacionalidade americana, por causa das suas simpatias soviéticas, e é vigiado pelo FBI e pelo House of Unamerican Activity Commitment da era de McCarthy até à sua morte, em 1958.
(Teresa Martins de Oliveira)
Feuchtwanger, Lion (1939), Exil, Amsterdam, Querido Verlag.
Feuchtwanger, Lion (1986),Der Teufel in Frankreich [Inicialmente Unholdes Frankreich], Frankfurt a.M., S. Fischer Verlag [com um Posfácio de Marta Feuchtwanger («Die Flucht» [A Fuga]) [1942].
Feuchtwanger, Lion (1984), Ein Buch nur für meine Freunde, Frankfurt a. M., Fischer Taschenbuch Verlag [1956].
Feuchtwanger, Lion (1984), «Der Schriftsteller im Exil», in: Feuchtwanger, Lion, op.cit., 533-538.
Feuchtwanger, Lion (1986), Der Teufel in Frankreich [inicialmente Unholdes Frankreich], Frankfurt a.M., S. Fischer Verlag [com um posfácio de Marta Feuchtwanger („Die Flucht“ [A Fuga]) [1942].
Feuchtwanger Memorial Library
von Hofe, Harold (ed.) (1984), Briefwechsel 1933–1958: Arnold Zweig − Lion Feuchtwanger. 2 Bände, Berlin, Aufbau.
von Hofe, Harold, Sigrid Washburn (eds.) (1991), Briefwechsel mit Freunden 1933–1958. 2 Bände, Berlin, Aufbau.
Do/a autor/a sobre o exílio