Feuchtwanger, Lion

Data de nascimento: 7 de julho 1884
Local de nascimento: Império Alemão (Munique)
Data de morte: 21 de dezembro 1958
Local de morte: USA (Los Angeles)
Nacionalidade: alemã
Artes, Letras e Ciências:
Feuchtwanger

 

Exílio

Data de partida: janeiro 1933
Local de partida: Alemanha (Berlim)
Motivo(s):
Passagem por: Suíça (Berna); França (Sanary-Sur-Mer, Les Milles, Nîmes, Marselha, Pirenéus, Portbou); Espanha (Barcelona, Madrid)

 

Chegada a Portugal

Data de chegada: setembro de 1940
Acompanhado por: Marta Feuchtwanger; Rev.º Waitstill Sharp; Martha Sharp

 

Permanência em Portugal

Tempo de permanência: umas horas

 

Partida de Portugal

Data de partida: setembro 1940
Meio de transporte: navio (SS Excalibur)
Destino: EUA (Nova Iorque, Los Angeles, Beverly Hills, Pacific Palissade)

 

Fim do exílio

Data de regresso: ---
Local de regresso: ---
Sobre o exílio

Filho de uma família de abastados judeus ortodoxos, Lion  Feuchtwanger licenciara-se em Filologia Germânica, História e Filosofia, antes de enveredar pelo jornalismo cultural e de se destacar primeiro como dramaturgo e depois como autor de romances históricos  (muitos deles com o antissemitismo por tema),  tornando-se um dos mais reconhecidos nomes da literatura da República de Weimar. A publicação do romance de época Erfolg [Êxito] (1930), caricatura da Baviera no tempo da ascensão ao poder do nacional-socialismo, do próprio Hitler e de alguns dos seus correligionários, dita a inscrição de LF pelos nazis na lista dos artistas a sentenciar. Acresce ainda a simpatia que nutre pela União Soviética, desiludido que estava com a passividade das democracias ocidentais face a Hitler (Visita à UdRSS, seguida da publicação do romance encomiástico Moskau 1933).

Aquando da chegada de Hitler ao poder, LF encontra-se em tournée pelos EUA, de onde regressa para, depois de uma breve passagem pela Áustria, se refugiar no Sul de França, em Sanary-sur-Mer, com a mulher Marta, onde reúne à sua volta um círculo de exilados políticos, entre os quais se destacam Bertolt Brecht (com quem  funda a revista de exílio Das Wort [A Palavra] (Moscovo, 1936 – 1939), e também Döblin, Einstein, os irmãos Mann, Marcuse, Schönberg, o casal Werfel, etc., como descreve no seu romance Exil (1939).

A invasão de França pelas tropas de Hitler dita o internamento de LF no campo de Les Milles, onde havia já estado no ano anterior durante algumas semanas, e de onde vem a ser transferido para outro campo perto de Nîmes. A sua libertação  e fuga rocambolescas são contadas por Marta Feuchtwanger no posfácio do livro de LF Der Teufel in Frankreich (vd. “Marta Feuchtwanger” nesta Base de Dados) e  a ela e à sua interferência junto do consulado norte-americano em Marselha se fica a dever o êxito da fuga do marido (Rapto de LF durante o banho no rio perto do campo de internamento;  fuga mascarado de mulher no carro do vice-cônsul americano;  o recolhimento no consulado dos EUA; o medo de Varian Fry, do Emergency Rescue Committee, de que a presença de LF chamasse a atenção para o grupo de fugitivos Mann /Werfel; a fuga do casal F. pelo mesmo caminho que o grupo dos Mann trilhara, acompanhados pelo Reverendo Waitstill Sharp, da Igreja Unitária de Boston, e sua mulher Martha; a viagem na carruagem-cama de Madrid até Lisboa, acompanhado pela figura protetora de Sharp e uma maleta da Cruz Vermelha como disfarce, a chegada à fronteira de Vilar Formoso e a viagem até Lisboa, onde o representante do Apoio Americano aos Exilados insiste para que LF parta sem demora para EUA, já que há o risco de que seja raptado pelos nazis). Escoltado por Sharp, LF parte no primeiro barco que larga para Nova York.

Marta juntar-se-á pouco depois ao marido em Nova York, de onde partem meses depois, para Los Angeles. Dois anos depois, o casal instala- -se na Vila Aurora, em Pacific Palisades.  Muito embora a crítica considere que o exílio marca uma inflexão das obras de LF no sentido da trivialidade, o autor continua no tempo de emigração nos EUA  a gozar de grande popularidade e prestígio, o que lhe permite manter um elevado nível de vida e ajudar numerosos refugiados. LF, que apenas regressará à Europa para breves visitas, nunca consegue obter a nacionalidade americana, por causa das suas simpatias soviéticas, e é vigiado pelo FBI e pelo House of Unamerican Activity Commitment da era de McCarthy até à sua morte, em 1958.

(Teresa Martins de Oliveira)

Obras do/a autor/a sobre o exílio
Feuchtwanger, Lion (1939), Exil, Amsterdam, Querido Verlag.
Feuchtwanger, Lion (1986),Der Teufel in Frankreich [Inicialmente Unholdes Frankreich], Frankfurt a.M., S. Fischer Verlag [com um Posfácio de Marta Feuchtwanger («Die Flucht» [A Fuga]) [1942].
Feuchtwanger, Lion (1984), Ein Buch nur für meine Freunde, Frankfurt a. M., Fischer Taschenbuch Verlag [1956].
Feuchtwanger, Lion (1984), «Der Schriftsteller im Exil», in: Feuchtwanger, Lion, op.cit., 533-538.
Obras do/a autor/a com referências a Portugal
Feuchtwanger, Lion (1986), Der Teufel in Frankreich [inicialmente Unholdes Frankreich], Frankfurt a.M., S. Fischer Verlag [com um posfácio de Marta Feuchtwanger („Die Flucht“ [A Fuga]) [1942].
Espólio
Feuchtwanger Memorial Library
Correspondência do/a autor/a com referências a Portugal
von Hofe, Harold (ed.) (1984), Briefwechsel 1933–1958: Arnold Zweig − Lion Feuchtwanger. 2 Bände, Berlin, Aufbau.
von Hofe, Harold, Sigrid Washburn (eds.) (1991), Briefwechsel mit Freunden 1933–1958. 2 Bände, Berlin, Aufbau.

 

Do/a autor/a sobre o exílio

Citar este verbete como: Teresa Martins de Oliveira, "Feuchtwanger, Lion," em Passagen, Maio 11, 2020, https://passagen.ilcml.com/base/feuchtwanger-lion/.